O inesquecível Enrico Caruso, em Santos !

O famoso livro de ouro da Societá Italiana di Beneficenza in Santos e a página onde está o autógrafo de Enrico Caruso, o maior tenor de todos os tempos

 

Parece improvável que a presença italiana do grande Caruso tenha algo a ver com Santos, mas ela aconteceu!

Há 151 anos nascia em Sorrento o tenor Enrico Caruso (25 de fevereiro de 1873), filho de Marcellino e Anna Baldini. De família humilde, aos 10 anos começou a trabalhar com seu pai em uma fundição de Nápoles. Além de trabalhar como operário mecânico, era também desenhista e cantava para entreter seus companheiros.

O seu talento nato já era evidente, ainda que sem o desenvolvimento da técnica.  Os primeiros trabalhos como cantor foram em coro de igrejas e concertos realizados em pequenas comemorações locais. Iniciou então aulas de canto em Nápoles, com o maestro Guglielmo Vergine.

Sua estreia como profissional ocorreu em novembro de 1894, mas foi no ano seguinte que sua carreira realmente engrenou. Ele foi o protagonista em diversas óperas populares, como Fausto, Cavalleria Rusticana, Rigoletto, La Traviata e outras. Em 1897 já se apresentava em grandes teatros, como a Ópera de Milão. As suas mais famosas interpretações foram como “Canio” na ópera I Pagliacci e como “Radamés” em Aida. Partiu então para uma carreira internacional, se apresentou em Buenos Aires (1898) e em São Petersburgo (1899). De volta à Itália, se apesentou no La Scala de Milão (1900) e no San Carlo de Nápoles (1901). A temporada em Nápoles foi uma fracasso, causando-lhe uma grande decepção, que o fez abandonar sua terra natal.

Mudou-se para os Estados Unidos, onde se apresentou ao longo de cerca de vinte anos. Só no Metropolitan de Nova York foram mais de 600 apresentações, em 37 óperas diferentes, por 18 temporadas. Caruso foi um grande entusiasta das gravações de som em discos de cera e em 1895 já registrava seu canto. Depois que se mudou para Nova York, em 1903, deu início às gravações fonográficas e foi um dos primeiros cantores a gravar discos em larga escala.

Caruso só retornou à Nápoles um ano antes de falecer: em 1920, uma doença o afastou dos palcos em definitivo, mudou-se para Sorrento e lá permaneceu até sua morte, em 1921.

Mas, e Santos? Caruso teve uma única passagem na Baixada Santista, em 1917. Durante uma temporada em São Paulo, membros ilustres da colônia italiana de Santos o convidaram para um almoço no Guarujá. Muito gentilmente, como recordação da visita, Caruso fez o seu auto-retrato e o presenteou ao Dr. J. Carvalhal Filho. Fez também uma caricatura do Sr. M. Nascimento Junior, na época diretor de A Tribuna e o presenteou. A presença de Caruso em Santos também foi registrada na primeira página no Libro D’Oro della Società Italiana di Beneficenza.

Fontes:

A Tribuna, edição 00129, pag. 1, 1921

Livro D’Oro della Società Italiana di Beneficenza. Este material integra o acervo documental da Società Italiana di Santos

Caruso era um talentoso desenhista, cujas habilidades deixaram uma marca em Santos através dos retratos que fez do proprietário do jornal A Tribuna, Manoel Nascimento Junior, e de si mesmo, em um autorretrato que gentilmente presenteou ao Doutor João Carvalhal Filho.

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