Bersaglieri em desfile na Itália
Silvio Bergamini
A avenida Ana Costa perto da praia recebeu um grande público para assistir a apresentação de uma banda marcial do exército Italiano. Os Bersaglieri (1) , regidos por um general, com seus chapéus de penachos negros, fizeram sua performance e no final correram pela avenida, tocando seus instrumentos, coordenando o ritmo da música a seus passos, em velocidade. O público, em contato com a língua natal, haja vista a maioria serem pessoas oriundas da Itália e seus descendentes, e com o momento da banda, emocionou-se e aplaudiu. O batalhão que se apresentou era comandado pelo coronel Del Vecchio. A banda era composta por oficiais e praças da unidade.
Artigo de Lydia Federici sobre a passagem dos Bersaglieri em Santos
Este contato com a cultura italiana aconteceu em um sábado de novembro de 1987. Músicos soldados, de guerras onde a infantaria e tropas a pé dominavam nos anos 1800, entravam em batalha com seus instrumentos, trompetes na maioria. O avançavam em harmonia musical e movimentos, confundindo o inimigo pelos toques, sincronizando musicalmente cada nota, para derrotar os adversários.
Bersaglieri são sinônimos de bravura e coragem em sua mistura de sons e movimentos. Os penachos balançavam na cabeça da tropa musical. Mostravam o ritmo. Confrontos armados que podiam durar até horas, exigindo esforço, concentração e coragem. Os soldados na avenida Ana Costa eram do I Bataglione La Marmora.
Bersaglieri emigra e passa a viver em Santos
Um Bersaglieri viveu em Santos. Chegando com a família da Itália em meados de 1910, Secondo Todoverto era um membro da tropa. Sua esposa Lina Todoverto, as filhas Bianca, Elza e o filho Ângelo entraram no Brasil como imigrantes. Todos ficaram vivendo na cidade no bairro do Campo Grande, na rua Visconde Cayrú. As crianças, todas com menos de 5 anos e os pais moraram lá por quase dois anos. Secondo conseguiu uma boa colocação em uma indústria na capital paulista. Mudaram para lá.
Bianca, a filha mais velha, casou-se com Osvaldo Bergamini. E a primeira geração dessa família como descendente de italianos foi Silvio Enio Bergamini, que nasceu no bairro do Brás em 1931. Foi batizado na igreja matriz daquela região, onde a língua mais falada, então, era o italiano. Bianca voltaria a viver em Santos mais quatro anos, com seu filho, no bairro do Embaré, na rua Benjamin Constant. Terminou sua vida na cidade Guarulhos onde estava vivendo com a irmã mais nova.
A língua italiana emociona os imigrantes e seus descendentes. Embora a grande maioria deles viva na cidade de São Paulo, Santos tem um número significativo. Presentes desde os anos 1500 na cidade, com os irmãos Adorno, que tinham negócios ligados à cana de açúcar, ao longo dos anos foram vários vindos da península, de múltiplas regiões, com vários dialetos, que viveram aqui. Com a grande imigração a partir de 1887, quando centenas de milhares de italianos vieram ao Brasil Santos teve maior representatividade de pessoas dessa nacionalidade.
Os bersaglieri
Os bersaglieri são hoje um corpo do exército italiano criado no século XIX, antes mesmo da existência do estado italiano. Foi criado em 18 de junho de 1836, para servir o então Reino da Sardenha. Com a unificação da Itália passou a integrar ao o Regio Esercito. Com a república italiana ainda são considerados a reconhecidos nos dias de hoje como uma tropa de elite.
São uma unidade de infantaria ágil, com treinamento para locomoção em qualquer terreno. O uniforme de gala da tropa tem o chapéu de abas largas com plumas negras de faisão. Os capacetes de combate até hoje usam as plumas.
- Fonte das fotografias: https://www.dirittodicittadinanzasrl.com/bersaglieri-os-soldados-mais-experientes-da-italia/