Cesare Battisti – o palácio flutuante que ligou Itália e Brasil

Durante mais de um século, a partir de 1874, o Porto de Santos foi, sem sombra de dúvida, a principal porta de entrada para os deslumbrantes navios italianos. Cada um deles, da sua maneira, deixou uma marca inesquecível na cidade. Foi o caso do extraoridnário vapor “Cesare Battisti”, um verdadeiro palácio flutuante, construído pelos estaleiros G. Ansaldo & Cia. em Sestri Ponente, Itália. Pertencente à Companhia Transatlântica Italiana, com sede em Gênova, o “Cesare Battisti” foi lançado ao mar em 1922, para atuar na rota Gênova-Buenos Aires, com escala obrigatória no Porto de Santos.

Construção e Características

Com 8.331 toneladas de arqueação bruta e 135,63 metros de comprimento, o “Cesare Battisti” foi uma obra-prima da engenharia naval. O navio ostentava um comprimento de 136,65 metros, largura de 16,39 metros e altura de 11,95 metros, com tonelagem bruta de 8.000 e deslocamento de 12.400 toneladas. Equipado com seis caldeiras, três tornos por caldeira e duas máquinas a turbina tipo Parson, o navio alcançava uma velocidade de 16 nós em experiências e mantinha 15 nós em navegação regular.

Palácio Flutuante

O interior do “Cesare Battisti” era uma maravilha de luxo e conforto. No Convés de Passeio, localizavam-se apartamentos elegantes, com leitos normais e baixos, saletas com divãs e toaletes com banhos. As salas de jantar e de música, ligadas por um hall artístico, ofereciam um ambiente de refinamento e conforto. No Convés Principal, as cabines de Primeira Classe eram igualmente suntuosas, com todas as comodidades necessárias para uma viagem de luxo.

Um Ícone da imigração italiana

Além do luxo, o “Cesare Battisti” foi também um lar temporário para muitos imigrantes. Em seus mais de dez anos de atividades, ele trouxe uma significativa quantidade de italianos ao Brasil. As cabines da Terceira Classe, projetadas para comportar seis, oito ou dez leitos, eram conhecidas pela higiene e conforto, desafiando a imagem típica das viagens de imigrantes.

Fim Trágico

Infelizmente, o “Cesare Battisti” teve um fim trágico. Em 1936, o navio foi destruído por uma explosão em Massaua, Eritreia. No entanto, a memória do navio e sua importância para a história da imigração e do comércio marítimo entre a Itália e o Brasil continuam vivas.

Um Legado Inesquecível

Santos viveu um momento inesquecível com o Césare Battisti. Isso aconteceu em 1922, ano do Centenário da Independência do Brasil. O navio fazia sua primeira viagem oficial ao Porto de Santos. Para comemorar o fato, a Sociedade Anônima Martinelli, representante local da Companhia Transatlântica Italiana, realizou uma festa esplêndida a bordo. A presença do mundo oficial e famílias de elite de Santos e São Paulo transformou a ocasião em um evento memorável, deixando uma impressão indelével nos espíritos de todos os presentes.

Com isso, o “Cesare Battisti”, com sua grandiosidade e história, se manteve vivo como um símbolo do elo histórico entre a Itália e o Brasil, fato que merece a lembrança nestes 150 anos da Imigração Italiana no Brasil.

 

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