No coração do Centro Histórico de Santos, destaca-se uma edificação de marcante beleza e significado histórico, o Palácio da Banca Italiana Di Sconto. Construído na década de 1920, este edifício é um exemplar raro da arquitetura de influência florentina na região, e um legado da era dourada do café. O engenheiro Eduardo Loschi, um referência na arte arquitetônica do começo do Século 20, foi o cérebro por trás de sua concepção e realização, criando uma obra que se harmonizava com a rica tradição cultural e econômica de Santos.
O Palácio, com sua fachada imponente e detalhes minuciosos, se alinhava majestosamente aos prédios históricos próximos: com a Bolsa do Café, erguida em 1922, e o vizinho prédio da Associação Comercial, de 1924. Juntos, esses monumentos formam um triângulo de opulência arquitetônica e testemunham a prosperidade da era do café. O estilo florentino do Palácio, evidenciado em seus três andares que abrangem cerca de 1.000m², reflete grandiosidade e elegância, características que o tornam uma peça central no patrimônio arquitetônico de Santos.
O destaque da edificação fica por conta de seu majestoso salão de entrada, adornado, na sanca do teto, com os brasões das comunas italianas.
Infelizmente, a Banca Italiana Di Sconto teve um fim precoce no início dos anos 20, consequência das dificuldades econômicas enfrentadas pela Itália após a Primeira Guerra Mundial. Após este período, o prédio passou para a propriedade da Santa Casa de Santos. Por cerca de seis décadas, o edifício foi alugado a diferentes organizações, incluindo a All American Cables, que o ocupou por aproximadamente cinquenta anos, seguida pela Bolsa de Valores de Mercadorias e pela Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos.
Em setembro de 1988, em um acordo de dação em pagamento, o Banco do Brasil tornou-se o proprietário do prédio. Porém, com o passar dos anos, o edifício entrou em decadência, e seu estado geral deteriorou-se, resultando em completo abandono.
Em uma reviravolta de sua história, em 1994, o Banco do Brasil decidiu leiloar o prédio. A empresa Phoenix Construtora adquiriu a propriedade após vencer uma licitação pública, abrindo um novo capítulo na história deste marco arquitetônico. O Palácio da Banca Italiana Di Sconto, com sua rica herança e estilo florentino único, permanecia firme como um símbolo da rica história econômica e cultural de Santos.
A Restauração e Repercussão do Empreendimento
Arrematado em agosto de 1994, o verdadeiro desafio então surgiu. De início, uma grande questão foi colocada: como compatibilizar a restauração daquele maravilhoso prédio, do início do século, com o uso moderno de uma construtora?
Um ponto era claramente inegociável: a fachada do prédio. Sua restauração completa foi indispensável. Assim, tanto a fachada quanto o salão principal seriam preservados, recuperando-se na sua forma original. O restante do prédio, onde de fato os escritórios da construtora seriam instalados, foi reformado e modernizado, adaptando-os às necessidades da empresa.
Desde o momento da realização da compra do imóvel, a imprensa e a opinião pública locais destacaram o fato, e foram infindáveis as manifestações de apoio, congratulações, incentivo e aplauso à ideia. Ao término da obra, estas atitudes se multiplicaram.
A recuperação do Palácio da Banca Italiana Di Sconto representou, enfim, um marco que mereceu inclusive uma homenagem pública do Condepasa – Conselho de Defesa do Patrimônio Cultural de Santos.
Mereceu ainda o Prêmio Máster Imobiliário de 1998, na categoria Preservação do Patrimônio Histórico, concedido pelo SECOVI-SP (Sindicato das Empresas de Compra, Venda, Locação e Administração de Imóveis Residenciais e Comerciais de São Paulo) e FIABCI – BRASIL (Federação Internacional das Profissões Imobiliárias).
Em 30 de junho de 2008, a Prefeitura Municipal de Santos instalou uma placa alusiva à edificaçao, reconhendo o trabalho pioneiro de restauração e valorização de um patrimônio histórico que possui fortes laços com a comunidade italiana de Santos.
O prédio, construído pelo engenheiro Eduardo Loschi, tem forte influência florentina.